Em Feira de Santana, um grupo de estudantes da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) criou um projeto inovador e inclusivo para ser aplicado no próprio campus. Trata-se de um Mapa Tátil Sonoro, ferramenta que permite que pessoas com deficiência visual conheçam e possam circular no espaço físico de forma acessível e segura.
O projeto que combina a utilização de recursos táteis e sonoros para representar o Centro de Ciência e Tecnologia em Energia e Sustentabilidade (Cetens) da URFB, foi selecionado para o V Congresso Brasileiro de Tecnologia Assistiva, que acontecerá entre os dias 30 de setembro e 3 de outubro na Universidade Federal do Paraná.
Os estudantes Bruna Porto, Vitória Gomes, Gabriel Matos, David Eloy e Lisandra desenvolveram um protótipo no âmbito de uma das disciplinas do curso de Engenharia de Tecnologia Assistiva e Acessibilidade.
Ao Acorda Cidade, a estudante Vitória Gomes Santos, uma das idealizadoras do Mapa contou que a ideia nasceu das próprias dificuldades que ela convivia ao chegar no campus.
“Eu sou uma pessoa com baixa visão, deficiência visual, então, cheguei aqui no Cetens com bastante dificuldade para encontrar os ambientes. A minha motivação foi essa, mas a nossa motivação geral é trazer mais acessibilidade para o campus”, relatou.
Da concepção da ideia até o desenvolvimento do protótipo foram cerca de quatro meses de trabalho. Vitória conta que naturalmente no caminho, eles encontraram desafios, mas também encontraram soluções.
“O nosso mapa tátil sonoro foi desenvolvido através de um estudo que a gente fez aqui de acessibilidade do campus. E aí a gente chegou a uma conclusão que a gente precisaria de alguma coisa que pudesse direcionar melhor as pessoas com deficiência e todo o público que chega aqui no Cetens. O nosso campus anda em reformas constantes. Então assim, detectar os principais locais para construir o protótipo foi um dos nossos desafios.”
A ideia inicial era utilizar apenas recursos táteis, mas conforme o projeto foi ganhando forma, outras necessidades foram agregadas.
“Então a ideia foi construir um mapa tátil, mas futuramente a gente agregou algumas outras coisas, como a planta baixa e o recurso de botão, que faz ele ficar sonoro, por isso o nome Mapa Tátil Sonoro.”
O protótipo foi desenvolvido em uma base de acrílico, contendo alto relevo e braille, além de possuir botões que ao serem acionados identificam o nome dos respectivos locais, reproduzidos por uma TV Box, equipamento que é recebido nas universidades através da Receita Federal, justamente para reaproveitamento.
A estudante ressaltou em entrevista ao Acorda Cidade que a intenção é gerar inclusão e segurança para os portadores de deficiência visual.
“Vai trazer mais autonomia para quem chega aqui, segurança para os estudantes com deficiência visual saberem onde estão, se locomoverem. Acho que isso é a parte fundamental, nesse projeto, que é um projeto lindo, é um projeto emocionante, e de impacto nacional, que a gente vai apresentar no V Congresso Brasileiro de Tecnologia Assistiva.”
O congresso acontece entre os dias 30 de setembro e 3 de outubro em Curitiba, no Paraná. Para Bruna Porto, outra estudante entre os idealizadores da iniciativa, este é um passo importante para o reconhecimento profissional e para a população.
“É uma experiência incrível. A gente jamais esperava que o projeto daria um retorno tão grande para a sociedade, ter o nosso projeto em um congresso nacional brasileiro voltado à acessibilidade. Um tema que pouco se é falado e que agora está gerando visibilidade. Isso se torna uma coisa muito gratificante.”
De acordo com Bruna o projeto segue agora em processo de viabilidade. Os estudantes já passaram toda a proposta para a direção e aguardam a resposta para que o Mapa Tátil Sonoro seja efetivamente implantado na Universidade.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos canais no WhatsApp e Youtube e grupo de Telegram.
Fonte: Boca de Zero Nove