O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama Janja visitaram no fim de junho a Favela do Moinho, no centro de São Paulo, em agenda oficial articulada com a Associação da Comunidade do Moinho — entidade apontada pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) como ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Documentos revelam que a sede da ONG foi usada para armazenar drogas da facção criminosa.
Segundo o MP, a área é controlada pelo grupo liderado por Leonardo Monteiro Moja, o “Léo do Moinho”, preso em 2023 por tráfico de drogas. A presidente da Associação, Alessandra Moja Cunha, é irmã de Léo e tem histórico criminal: foi condenada por homicídio e cumpriu pena em regime fechado. O endereço da ONG, na Rua Doutor Elias Chaves, é o mesmo onde a polícia apreendeu cocaína, crack e maconha em uma operação recente.
Dois dias antes da visita presidencial, o ministro Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) esteve na sede da entidade para preparar o encontro. Durante o evento, Lula anunciou um acordo de realocação para cerca de 900 famílias que vivem na favela. O terreno, pertencente à União, será transformado em parque após a desocupação.
A Secretaria-Geral, responsável pela articulação com movimentos sociais, afirmou que a reunião com a associação teve como única pauta a apresentação de soluções habitacionais. “O diálogo com lideranças comunitárias é parte fundamental da atuação de qualquer governo comprometido com inclusão social”, disse a pasta em nota.
Apesar do histórico da ONG, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) declarou que a segurança da comitiva foi mantida “de forma rigorosa” e que “não foi identificado qualquer risco à integridade das autoridades”. A interlocução direta com Lula, segundo a Secom, foi feita por Flavia Maria da Silva, apontada como liderança reconhecida e idônea da comunidade.
Ainda de acordo com o MP-SP, moradores da favela relataram sofrer ameaças ao aceitarem propostas de mudança. O acordo prevê o pagamento de até R$ 250 mil por família para aquisição de imóvel, sendo R$ 180 mil do governo federal e R$ 70 mil do governo estadual. A cessão definitiva do terreno para o Estado só ocorrerá após a realocação total das famílias.
Representantes de diversos ministérios e parlamentares do PT e PSOL também participaram da agenda, que teve como foco a escuta de demandas sociais e o anúncio de medidas para moradia digna.
Fonte: Boca de Zero Nove