A verdade é que o Corinthians sentiu o desconforto do colonialismo futebolístico. Algo que o Nordeste sempre viveu. Mas agora a gente finalmente reagiu e isso ocorre pacientemente. O Bahia já virou o jogo e não adianta choradeira.
Fora de campo, a diretoria do Esquadrão deu uma rasteira nos paulistas com a contratação do garoto Kauê Furquim por R$ 14 milhões em uma negociação típica de time grande e organizado. Chegaram ao ponto de enviar até nota de repúdio escandalosa e com discurso de ódio. Logo o Corinthians, que durante anos fez o mesmo com clubes nordestinos.
No sábado (16/08), em plena Neo Química Arena, o Tricolor deu outra lição: venceu por 2 a 1 sem grandes esforços. Para completar, a nação tricolor presente no estádio não perdeu a chance de ironizar: chamou o adversário de “time falido” e cantou em alto e bom som que “Kauê é tricolor”. Já o perfil oficial do Bahia enviou a seguinte indireta: ‘triunfo oportunista’.
Entenda uma coisa: a história do Bahia se mistura com a história da Bahia. Isso é muito forte. O que estamos presenciando é uma mudança de paradigma que anima boa parte dos clubes nordestinos, inclusive o rival Vitória. Todos sonham com uma estrutura sólida e moderna.
O Bahia cresce, e com ele cresce o futebol nordestino. O movimento ainda favorece todo o futebol nacional, quebra a lógica concentrada no eixo e mostra que há novos centros de poder dentro do esporte.
Essa virada está clara também na tabela do Brasileirão. O Corinthians, acostumado a ditar as regras, está na segunda página, brigando contra o rebaixamento. O Bahia, por sua vez, ocupa o G4, na disputa pelo título nacional. Se você não incomodar, você não ultrapassa. E o Bahia incomoda. O Nordeste incomoda.
O reflexo não é apenas esportivo. A mídia do eixo também demonstra desconforto. O episódio recente que envolveu os jornalistas Jailson Baraúna e Mauro Cezar é sintomático: o incômodo agora é ver o protagonismo nordestino no jornalismo esportivo digital.
O público nordestino migra cada vez mais para canais locais, como o Informe Baiano, Márcio Martins, Rodrigo Barata (Bora Bahêa), Tonn Bahia, Nerd Futebol, Selmo Camargo, Tricolor On, InfoBahia com Leiro, Kado Pitbull Enraivado, Obina da Bahia, N9, Matheus Barbaço (Sou mais Bahia), Anderson Matos (Canal do Dinâmico), Jailson Baraúna, CT do Bahia, Alan Guimarães, Meu Bahêa, entre outros. A audiência e o poder de opinião estão se redistribuindo.
O recado é simples: o Nordeste não aceita mais o papel coadjuvante. Se depender do Bahia, a virada já começou. E para quem insiste em repetir velhas narrativas, vale lembrar: no receituário de sempre, o Nordeste não deveria crescer. Mas cresceu. E vai crescer ainda mais. Bora Nordeste Minha Porra.
Fonte: Boca de Zero Nove