Uma nova pesquisa do IBESPE em parceria com a BR Call, realizada entre 1º e 4 de setembro de 2025, traz um retrato didático do cenário político brasileiro e revela um dado intrigante: enquanto no voto espontâneo o ex-presidente Lula
lidera com boa vantagem sobre Jair Bolsonaro, no voto estimulado ocorre uma virada. Com isso, Bolsonaro aparece à frente com 42,2% contra 40,2%. A pesquisa entrevistou 1.008 pessoas e possui margem de erro de 3,1 pontos percentuais. O resultado chama atenção porque, mesmo em prisão domiciliar e incomunicável, Jair Bolsonaro mantém forte apoio popular e supera Lula quando os nomes são apresentados ao eleitor.
Segundo Marcelo Di Giuseppe, diretor do IBESPE: “Esse é o dado mais revelador da pesquisa. Lula vence no voto espontâneo, quando o eleitor fala o primeiro
nome que vem à mente. Porém, no voto estimulado, onde os candidatos são apresentados, Bolsonaro consegue a virada. Isso mostra que sua base, mesmo limitada pelo silêncio forçado, ainda é mais sólida e engajada do que parece.”
Ainda que Lula tenha tido uma melhora em seu desempenho – possivelmente motivada por discursos contrários aos EUA —, essa ascensão não foi suficiente para ultrapassar Bolsonaro no voto estimulado. A análise mostra também que o único meio de comunicação em que Lula possui vantagem é a televisão, o que sugere que sua estratégia esteja direcionada a um público específico, tais como as mulheres e os eleitores mais velhos. O petista mantém maior aprovação entre eleitores acima de 60 anos, mas a futura CPMI do INSS pode impactar seu governo e sua imagem.
A pesquisa também desvenda o perfil do eleitorado de cada candidato: a idade média do eleitor brasileiro é de 45,1 anos, enquanto a de Bolsonaro é 44,2 anos e a de Lula 47,2 anos. Além disso, o eleitor de Bolsonaro tende a ser mais masculino, mais escolarizado, mais religioso e menos dependente de programas
do governo. Já o eleitor de Lula é majoritariamente feminino, com menor nível de escolaridade e mais dependente de auxílios governamentais.
MOTIVAÇÃO DO VOTO
Entre os eleitores de Bolsonaro, 44,2% se declaram “Bolsonaristas”, enquanto 41,4% votam nele “por falta de opção”.
No lado de Lula, 47,4% se identificam como “Lulistas”, e 38,6% o escolhem “por falta de opção”. Nacionalmente, isso significa que 18,7% dos eleitores são bolsonaristas e 19,0% são lulistas. A maior concentração de lulistas está no Nordeste (53,6%), enquanto os bolsonaristas se
concentram no Sul (56,4%).
Entre os jovens de 16 a 24 anos, apenas 15% dos eleitores de Lula se assumem como lulistas, enquanto 38,1% dos eleitores de Bolsonaro se declaram
bolsonaristas. Essa discrepância sugere que podemos estar assistindo o nascimento de uma geração mais conservadora.
Marcelo Di Giuseppe conclui: “No Brasil, o futuro político será desenhado não apenas pelos candidatos, mas pela forma como a população se informa e escolhe seus líderes. O voto espontâneo mostra lembrança imediata, mas o estimulado revela engajamento consolidado. Hoje, Bolsonaro consegue mais mobilização e fidelidade que Lula”, finaliza Marcelo Di Giuseppe.
Fonte: Boca de Zero Nove